sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Gaudí - O arquitecto de Deus

Antoni Gaudi, foi sem dúvida um arquitecto singular, tanto no seu percurso biográfico como na sua Obra.
Pessoalmente acho desconcertante e até mesmo perturbante a sua obra, lidas de forma simplista estas palavras podem parecer negativas; mas na realidade é o lado positivo da minha admiração pela sua obra que mal conheço em verdade e profundidade.
Acredito que conhecer uma determinada obra, não se limita apenas ao saber da sua história. Ler, ver e interpretar tanto palavras como desenhos, são aspectos importantes para conhecer a obra mas não são os mais importantes.

O mais importante é habitar e dialogar com a obra, vivenciar e habitar o espaço em situ e sobretudo é conhecer a obra a partir da própria obra, não existe melhor professor de arquitectura que o próprio edifício/obra.
Mas tal como acontece com as pessoas os edifícios não se conhecem apenas com um encontro e eu infelizmente não tenho a possibilidade de ter muitos encontros com a obra de Gaudi.
Ontem no meu dia de aniversário por acaso tive um encontro com uma série documental sobre a obra deste mestre, cuja obra me perturba e desperta admiração pela sua singularidade.
















sábado, 11 de dezembro de 2010

Forma e espaço

"Reunimos trinta raios e os chamamos de roda;
Mas é do espaço onde não há nada
que a utilidade da roda depende.
Giramos a argila para fazer um vaso;
Mas é do espaço onde não há nada
que a utilidade do vaso depende.
Perfuramos portas e janelas para fazer uma casa;
e é desses espaços onde não ha nada
que a utilidade da casa depende.
Portanto, da mesma forma que nos aproveitamos daquilo que é,
devemos reconhecer a utilidade do que não é"




Lao-Tzu
Tao Te Ching século VI a.C.




terça-feira, 10 de agosto de 2010

Reflexão Formal


A forma arquitectónica ou artística é sempre o resultado da confluência e relação de diversos factores, assim sendo a forma do "objecto" é o principal meio de comunicação e interacção do mesmo com os diversos sujeitos que são confrontados com o mesmo. Com isto quero dizer que para o bem e para o mal, tanto as manifestações artísticas como arquitectónicas estão "condenadas" a sua condição formal, mesmo numa abordagem mais fenomelógica ao objecto.



A forma é uma luz que vai surgindo iluminando e relevando aos poucos a procura da verdade e do sentido das ideias e idiais do ser Humano. A arquitectura não é uma ideia formal . A forma é que se vai construir em si como a materialização de uma ideia arquitectónica.


A arte e a arquitectura não partem em si mesmo de formas concretas ou de jogos abstractos formais ( embora nos dias de hoje tal seja possivel e frequente) mas terminam por se materializar em formas que nas suas relações com o ser Humano( sujeito observador) vão condicionar e orientar a sua fruição das mesmas. Mas julgo que antes da forma material, mais ou menos concreta que é possivel de descrever objectivamente, existem as formas simbolicas ou culturais e as formas construtivas e que é da junção destas duas formas com o contexto e o eu do "criador" vão originar a forma objectiva e sensivel do objecto em questão.


A forma cultural ou simbólica é compreendida de certo modo como a tradição simbolica e cultural de um determinado povo ou sociedade, que durante a sua evolução sócio-cultural fez corresponder a determinados signos um determinado significado e que a sua compreensão tende a ser global dentro de determinada comunidade humana.

A forma construtiva como nome indica é uma forma relacionada com os aspectos construtivos da obra que possuem consequências formais.

sábado, 7 de agosto de 2010

Folha em Branco

"FOLHA EM BRANCO

Uma folha em branco
É uma ideia intacta
Que implora eternidade!
Eternizá-la
É continuar o mistério da criação
Gesto simples de mão pura
Que une Criador e criatura."


(poema retirado do livro: Terra Prometida; Oliveira, Pa. Mário Tavares de; Imperitura -Alcalá e Régia Confrária Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Vila Viçosa 2008)


O vázio da folha em branco desperta ( pelo menos em mim enquanto " criador") uma dualidade de sentimentos. Por um lado a possibilidade de expressar algo, o ponto de partida para a materialização de uma ideia abstracta mais ou menos pensada para uma forma mais concreta e materializada; por outro lado a folha em branco pode ser tenebrosa na sua brancura, o vázio que encerra em si todo o caos e toda a ordem que o primeiro traço vai instaurar e revelar.

O acto de escrever e desenhar é em si mesmo um acto de continua expressão e revelação, pois o traço passado irá condicionar o traço futuro assim como a palavra passada irá condicionar a palavra futura e assim formar um todo a partir da relação das partes.

Mas tudo começa com uma folha em branco que pode não ser uma folha....

No passado pintava e desenhava constantemente como uma necessitadade constante adolescente e individual, pintava por pintar sem intensão ou significado. Necessidade egoista e pessoal á qual não me atrevo a chamar arte, pois julgo nada dizer nessas obras...
Depois surgiu a Arquitectura e a formação de academia que afinal é o que é a faculdade, existe uma educação de gosto e sobretudo o despertar de consciências, a dimensão social, educadora da arte e a utilidade da arquitectura que devem superar o eu e o seu ego.
5 anos e os pinceis adormecem em mim. Nova cidade, novos habitos, nova vida, deixo o rural e abraço o urbano, por fim regresso e reencontro os pinceis, mas já não sou o mesmo, não sendo no entanto outro.

sábado, 10 de julho de 2010

Preâmbulo

" 1.Tendo sido lançado à costa de Rodes num naufrágio, o filósofo socrático Aristipo, ao descobrir esquemas geométricos na praia, teria exclamado para os companheiros, segundo se conta: « Tenhamos esperança! Vejo sinais de Homens». Imediatamente se pôs a caminho da cidadee dirigiu-se ao ginásio onde, disputando sobre temas filosóficos , foi cumulado de presentes, de tal modo que não só resolveu as suas dificuldades como também prestou auxílio, aos que haviam naufragado com ele, em roupas e outras coisas de que necessitavam para sobreviver . Como, porém, os seus companheiros quisessem voltar à pátria e lhe perguntassem se queria enviar alguma mensagem para a sua familia, pediu-lhes que dissessem o seguinte: «Convém oferecer aos filhos bens e equipamentos de viagem que, em caso de naufrágio, possam igualmente salvar-se a nado com eles» "

Excerto retirado de: ( pag 219 livro VI) Vitruvvii decem Libri -Vitrúvio tratado de Arquitectura sec. I a.c. ; tradução e introdução/ notas por M. Justino Maciel, edição IST Press, 2006